domingo, 11 de abril de 2010

Impressões sobre o iPad

Nas últimas semanas, em praticamente todos os veículos de comunicação do mundo, o tal iPad foi alvo de comentários fervorosos, daqueles que amam ou odeiam os produtos da fábrica de brinquedos do tio Jobs.
Mas é perceptível que boa parte dos "analistas" tem estado mais preocupados em observar as características físicas do hardware e condições técnicas do software. E, pior: Meia-dúzia deles deve ter pego um na mão. Os outros 2.000.000 tratam o iPad como pré-adolescentes tratam questões sexuais. Prática nenhuma, mas ouviram dizer qualquer coisa de fonte relativamente confiável. Tão confiável quanto o irmão mais velho e mais sacana do amigo de um amigo...
Pois na última semana, quis o destino que eu tivesse dois desse brinquedinho nas mãos. E até então não tinha a menor intenção de escrever a respeito. Mas o contato com os bichinhos me fez pensar de forma diferente. Continuo sem um pingo de vontade de fazer qualquer análise técnica sobre software, design ou engenharia de materiais, mas pensar no que devem significar os tablets - e esse especialmente - em termos de inclusão digital é um exercício interessantíssimo.
Experimentar a trackitana fez toda a diferença.
Logo de cara, coisas simples chamam a atenção. O tamanho é ótimo para segurar no colo ou sobre a mesa.
E não tem a famigerada espera pelo boot. Ligou, funcionou!
O teclado que se abre na tela, naquele tamanho, tem ergonomia bastante aceitável. Eu não gostaria muito, mas até poderia escrever este texto no dito-cujo. Hoje até escrevo usando o smartphone, mas com o auxílio luxuoso de um teclado que me permite uma digitação quase tão confortável quanto no computador. E quando dobrado, cabe no bolso.
Depois, a já aclamada intuitividade da interface. Ninguém precisa de conhecimento prévio pra pilotar o trem. E ainda tem a vastidão de aplicativos na lojinha da fábrica. Que já vem recheada pelos muitos aplicativos para iPod e iPhone que também funcionam no iPad. Outros estão sendo adaptados. E outros tantos estão sendo desenvolvidos especialmente para ele.
E pra que vai servir esse treco? Pra mim, é um tanto óbvio.
Eu, por dever de ofício, realmente preciso de um computador para trabalhar. Mas 99% da população não precisa e nem quer um trambolho que ocupa bem uns 2m2 e custa qualquer coisa com 4 dígitos. O que eles querem é a internet.
Ok. De vez em quando tem que escrever um texto, montar uma planilhazinha...
Mas na maior parte do tempo, tudo o que interessa está no browser. Facebook, Ning, Flickr, Twitter, Google (Busca, Mail, Agenda, Docs, Picasa, Mapas...). Ler jornais, revistas, livros... tudo na web.
E pra isso o tablet é dukacete. Com a profusão de hotspots públicos e privados que temos por aí, o 3G nem faz tanta falta. Melhor com ele, claro, mas vive-se sem, perfeitamente. Quem fizer questão, basta esperar um pouco que o 3G virá.
E o danado é confortável o suficiente para substituir plenamente um livro de papel. O texto vem em excelente tamanho. As ilustrações (se bem preparadas) podem ser vistas com todos os seus detalhes. A tela é sensível e o software esperto o suficiente para permitir um "folhear" confortável. O próximo teste será ler no banheiro. Deve ser nota 10.
Sem falar na vantagem de receber o livro poucos segundos após a compra, sem ocupar espaço extra.
Não sabemos ainda a que preço vai ser vendido aqui, mas na pátria mãe são módicos US$ 499,00. Ligou, tá pronto pra usar. Usa-se em qualquer lugar da casa. Acabou de usar, guarda em qualquer gaveta. A eventual falta de periféricos deverá ser resolvida em breve. Se não pelo surgimento dos próprios conectáveis pela interface própria dele ou com um pouquinho de jogo de cintura. Assim, coisas como descarregar o cartão de memória da câmera ou ripar um DVD podem ser feitas na firma ou na casa do cunhado (porque lan house é fim de carreira). O resultado vai pra rede e de lá pode ser resgatado diretamente pro seu tablet.
Então essa é a máquina certa para muita, muita gente, incluindo minha mãe, minha avó e a tia Toninha, que certamente vai se deliciar.
A concorrência deve se mexer e lançar tablets com mais e melhores recursos. Acho ótimo, principalmente porque não gosto da forma como o fabricante impõe suas regras aos clientes, mas duvido que alguém alcance o mesmo sex appeal do iPad.
Ao arrastar as imagens na tela, aumentá-las com movimentos de polegar e indicador e reposicioná-las com um toque, é impossível não se sentir no roteiro de Minority Report.
:D