quarta-feira, 9 de junho de 2010

Quem tem medo da Web 2.0? - Reloaded

O título não foi escolhido só para tentar criar uma frase de efeito. É resultado da experiência prática que eu tenho pelo famigerado “mundo corporativo”. É fato que muita gente – incluindo muitos empresários – tem medo da Web 2.0.

Provavelmente esse medo vem de quem teve sua formação cultural em um momento em que a comunicação para o grande público era uma via de mão única. Anúncios de TV, rádio, jornal, outdoor... Nenhum destes meios permitia uma resposta direta e aberta do público. E, se esta alternativa estiver correta, demonstra insegurança quanto à qualidade de seus produtos e serviços.

Outra razão frequentemente apontada pelos empresários que tem medo da Web 2.0 é o famoso time drain, o ralo que permite o escoamento de tempo e destrói a produtividade de seus estimados colaboradores, além de tornar o ambiente computacional da empresa vulnerável a invasões e até espionagem industrial.

Não deixa de ser verdade. Mas só se a empresa não assumir o volante desse bonde desgovernado. É papel da empresa provocar a discussão das políticas de uso de todos os seus recursos. Porque a internet seria tratada de outra forma? Afinal, o tempo dos estimados colaboradores pode ser gasto acessando as redes sociais pelo celular (sim, celulares simples fazem isso) e existem centenas de ferramentas especializadas em segurança da informação e empresas competentes para sua aplicação.
Não assumindo uma posição de dianteira, o que seria uma grande oportunidade diretiva se transforma em derrota da imposição pela criatividade.

Quem se distancia da internet, especialmente das redes sociais interativas (essas que foram classificadas como Web 2.0), fica à margem de alguns acontecimentos, no mínimo, interessantes:

O Twitter existe há 4 anos. Há 1 ano tinha 17.000.000 de usuários.
Hoje tem cerca de 80.000.000.

O Facebook existe há 6 anos. Há 1 ano tinha 300.000.000 de usuários.
Hoje tem 450.000.000.

Mais de 100.000 sites tem plugins para o Facebook. Esses plugins só foram lançados em Abril.

É claro que existem assuntos e usuários seriíssimos e bobagens paquidérmicas. Desde instituições que optaram por trocar seus websites institucionais por inserções no Facebook em troca de facilidades de popularização e interatividade até os pentelhíssimos joguinhos de bichinhos e fazendinhas.

E existem também as redes com foco mais profissional, como o LinkedIn, com 65.000.000 de usuários registrados em 200 países e utilizado como ferramenta complementar de recrutamento e seleção por inúmeras empresas.

No mundo real, é perfeitamente possível começar com ações simples com resultados práticos. Basta não inventar moda e lembrar do princípio do social networking, que é o encadeamento de ações e seu efeito multiplicador.

Um dos primeiros mestres desta arte da simplicidade foi o companheiro Obama. Durante sua campanha, muito foi dito sobre o uso dos Blackberries da equipe e divulgação de informações pelo Twitter, o que pode ter seu valor subjetivizado pelos críticos. Mas FATO é que em Fevereiro de 2008, enquanto McCain passava o chapéu entre empresários e doadores de campanha tradicionais para arrecadar US$ 11.000.000, Obama não se esteve com um único doador ou lobista e arrecadou US$ 55.000.000 através de mídias sociais.

Há menos de uma semana, o Mashable publicou um post focando 5 pequenas empresas que fazem uso inteligente de mídias sociais para alavancar seus negócios. Tem salão de cabeleireiro, doceria, consultoria, livraria e loja de presentes. São artigos curtinhos que valem muito a pena.

E aqui pertinho, na Zona Oeste de São Paulo, uma padaria usa o twitter para avisar os clientes quando sai uma nova formada de pão quentinho.
A padaria tem lá seus seguidores e incrementou seu negócio com um sistema de e-commerce para receber encomendas dos clientes.

O que todos esses casos tem em comum é que as pessoas envolvidas realmente incorporaram o espírito 2.0 do dinamismo, agilidade e interatividade. E aí está a importância de mudar, por exemplo, o velho web-site institucional estático, codificado, que demora para ser atualizado, pelo modelo dinâmico, com gerenciamento de conteúdo interativo, wiki e integração com mídias sociais, porque informação velha depõe contra. Cada vez mais. E nunca na história a informação caducou tão rápido. Sooo last week...

Também não é desculpa dizer que o problema é falta de dinheiro. Praticamente todas as boas ferramentas para gerenciamento de conteúdo, blogs e mídia social operam no modelo freemium, ou seja, oferecem um serviço básico gratuito e cobram ninharias por serviços mais completos e personalizados.

Aliás, desconfio que este seja um dos fatores que metem medo no empresariado old fashioned. A criatividade, o planejamento e, principalmente, a inteligência no uso colocam a modesta padaria em pé de igualdade com grandes corporações.

:D

http://www.youtube.com/watch?v=lFZ0z5Fm-Ng