quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Gerações X, Y, Z...

É claro que eu me lembro como se fosse hoje, do dia em que minha primeira filha nasceu, em 2003.
Fui pra sala de parto imbuído do espírito de dar todo o apoio moral para aquela que seria espetada, cortada, espremida e costurada para trazer ao mundo nossa pimpolha. E, mais do que imbuído, incumbido pela imensa audiência familiar que se acotovelava na sala de espera, de registrar aquele momento.
Para isso, estava munido da minha fantástica câmera Samsung 35mm, semi-automática, hoje falecida e uma bacanérrima Polaroid, responsável por uma inédita comoção coletiva, principalmente das avós, que puderam ver e levar para casa uma foto da netinha recém nascida.
Em 2006 a história se repetia. Lá ia eu de volta à sala de parto. Desta vez armado com uma câmera novinha, obviamente digital e totalmente automática. Levava também uma filmadora Hi-8 espertíssima, com conexão USB e tudo.
A princípio as avós ficaram um pouco decepcionadas. Aparentemente elas preferiam levar uma foto de Polaroid pra casa em lugar de poder ver 20 fotos no display da câmera, mas no dia seguinte fui redimido pela impressão a jato de umas tantas fotos para cada uma.
E a nossa primogênita tinha ficado em casa com meu irmão & cunhada. Quando estávamos a sós no quarto do hospital (pai, mãe e filhotinha), bateu aquela saudade danada da mais velha e uma baita vontade de apresentar uma irmã à outra...
Deve ter aparecido aquela lâmpada de história em quadrinhos sobre a minha cabeça quando me dei conta de que tinha uma câmera digital e um notebook conectado à internet. E que em casa estava toda minha infra-estrutura de trabalho.
Bastou ligar pra casa, ensinar a cunhada a ligar as traquitanas todas e em minutos estávamos todos online, nos vendo em vídeo de qualidade razoável, conversando e matando a saudade e as ansiedades ao vivo e a cores.
Em setembro de 2009 aquela mesma cunhada que cuidou da Lulu quando a Lala nasceu nos deu um sobrinho. E em novembro minha irmã nos deu outro. Estava na hora, já que a única sobrinha que eu tinha até então tinha feito 10 anos em agosto. E lembro claramente de tê-la fotografado na maternidade com uma Olimpus Trip 35.
Bem, os dois jovens nascidos em 2009 foram fotogradados e filmados com apenas um telefone celular. Com câmera de 5 Mpixels, flash e 8 Gb de memória. E as fotos imediatamente inundavam os e-mails e caixas de MMS da família toda, sem sequer precisar de um computador ou de um cabo para conexão com a internet.
Em dezembro do mesmo ano da graça, outra grande mobilização familiar: A primeira apresentação oficial de ginástica artística da Lulu. A família toda queria ver, mas num sabadão, às 8:00h da madrugada... Só pai e mãe mesmo... E com 200 clubes, com 300 atletas cada, em 100 categorias... Vai um dia, fácil, fácil.
Recorri, então, a um serviço gratuito na internet que permite, usando apenas um smartphone 3G, transmitir vídeo ao vivo para um endereço de streaming. Então, antes dela se apresentar em cada aparelho, eu mandava um SMS avisando que em segundos entraríamos ao vivo. Os interessados abriam o link e viam a neta/bisneta/sobrinha/prima... ao vivo! A qualidade da transmissão é meio bagaceira, mas mesmo assim é um recurso genial, não?
Interessante é observar as reações de cada um em face de cada uma dessas novidades. Minhas avós, com mais de 80, não fazem a menor idéia do que se passa, mas adoram o resultado. Adoram a idéia de uma neta ligar o computador em Guarulhos e mostrar fotos e filmetes do bisneto que nasceu há 10 minutos na zona sul de São Paulo.
Minha mãe e minha(s) sogra(s) se esforça(m) para compreender. Ainda se surpreende(m) justamente por ter um certo entendimento da evolução da mídia desde os anos 40 do século passado e a baita diferença de velocidade com que agora acontecem as metamorfoses. Manusear as traquitanas e serviços, nem pensar. Afinal, telefone é pra telefonar!
Poucos são os quarentões que assimilam isso com facilidade. Muitos entendem o processo mas são incapazes de pilotar um aparelhinho com mais recursos e se achar em meio a 5 ou 6 portais na web. A maioria acaba optando por gadgets inferiores, mas de interface mais simples, pra não ficarem vendidos. Trintões, idem.
A turma que gravita em torno dos 20 conhece todos os sites, serviços, redes sociais e comunicadores. Mas não parecem ter muita idéia da verdadeira utilidade disso tudo, além de baixar música, vídeo e formatar baladas.
Já as crianças... As com menos de 10 anos tem verdadeira naturalidade traquitanológica. Tem isso incorporado à sua rotina desde o nascimento, literalmente ou quase. Minhas filhas pilotam recursos avançados de mídia dos smartphones como se folheassem um velho álbum de fotografias. E ninguém precisou ensinar. Principalmente o aparelho da mãe, bem mais intuitivo que o meu. Até a caçulinha detona, sem nem saber ler.
Até aqui, só exponho os fatos, para nivelar os papos que teremos daqui pra frente.
Em próximos posts certamente vou exercer juízos de valores e tudo o que for preciso para acabar com o mito de que toda essa parafernália tem propulsão demoníaca e tem a missão cósmica de nos escravizar.
Ao contrário, quanto mais nos desviamos do senso comum, mais descobrimos o quanto nossas vidas podem melhorar em termos pessoais e profissionais. Basta encarar as traquitanas com naturalidade.
No fundo, é tudo muito simples. E divertidíssimo!

:D

Nenhum comentário:

Postar um comentário