sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O velho, o menino e o burro


Gene Simmons disse em uma entrevista à Rolling Stone, há pouco mais de um ano, que o rock está morto. E continuou, dizendo que a morte não foi natural, mas um assassinato, praticado pela internet.

O velho linguarudo não parecia feliz por ter que tirar a bunda do sofá pra continuar faturando milhões, depois de passar 40 anos maquiado em cima do salto, flamejando e vertendo sangue por orifícios corporais. Tem  que ser pragmático porque só tem 2 opções: amarra o burro na sombra de vez ou… shake your money maker!

Enquanto isso,  o septuagenário Paul McCartney compõe mojis especiais para o dia dos namorados, ou Valentine's Day, como eles dizem lá. Dividiu opiniões entre a breguice do objeto e o mercenarismo de trabalhar pra Microsoft, mas fato é que o velho cavaleiro de Sua Majestade topou fazer algo diferente, arriscado e parece ter se divertido com isso, como um menino.



Não acho que o rock, qualquer outro gênero musical ou boa parte da produção artística e cultural do planeta vivam seus melhores dias. Mas dá-lo por morto e fazer uma acusação sumária de assassinato só não é mais fascista por falta de maior autoridade.

O que ocorre é um círculo vicioso, que precisa de uma observação menos simplória.

As gerações de tera-pop-stars, especialmente as safras de Elvis a Michael Jackson, produziram triliardários, donos de propriedades faraônicas, aviões, frotas de luxo e haréns-ostentação. O próprio arauto da morte supra-referenciado nasceu miserável no então recém criado Estado de Israel e hoje é um homem muito rico, venerado empresário e casado com uma ex modelo e coelhinha da Playboy, apesar de ser difícil escolher se sua versão mais assustadora é a natural ou montada para o palco. Tudo graças ao rock'n'roll. E ao amor, lógico.  


É claro que esse estilo de vida se tornou o objeto do desejo de qualquer garoto que, como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones. Ou o Wesley Safadão e a Cláudia Leite. E aí é que se esconde a metralhadora.

Porque na outra mão vem a educação e a cultura de níveis cada vez mais baixos, estimulando cada vez menos o pensamento crítico e qualquer capacidade de análise. E não só aqui, antes que bata o complexo de vira-lata. Eles também tem Nicki Minaj, bitch. Consequentemente, a produção é seriada e medíocre. O consumo e o lucro vem em escala.

Está pronta a nova fórmula econômica do peneirão darwiniano-social às cegas. Brian Epstein, George Martin e Chacrinha foram trocados por Simon Cowell, que apesar de mostrar a cara não se expõe porque não precisa resolver nada. As descobertas vem ao show pelas próprias pernas, as produções são formuladas como fast  food e as buzinadas vem do público na forma de likes e SMSs.

E o mesmo canal que dá voz ao público é também canal para qualquer tipo de obra ser distribuída, regularmente ou não.

Daí abre-se uma série de outras discussões, desde o papel dos curadores até a propriedade intelectual. Pode-se e deve-se sempre discutir quem deve ficar com que fatia do bolo, independente de quem são os convidados para a festa, mas traduzir como morte o que é uma vida nova debaixo do seu nariz… não me parece lá muito inteligente. 

Mesmo quando você é um músico talentoso, um grande performer ou um empresário coberto de sucesso.

:D


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

People Will Come

Quem passou dos 30 deve se lembrar desse bordão do filme O Campo dos Sonhos, de 1989. Eu vi e não gostei há 25 anos. Foi indicado ao Oscar, estrelado pelo então queridinho da América Kevin Costner, mas achei um saco. Revi há poucas semanas e gostei menos ainda, mas a frase dita pelo vozeirão do Darth Vader à paisana James Earl Jones era profética.

Não pelo campo de baseball, que afinal de contas estava no roteiro, mas porque tem hoje um significado emblemático para o mercado de produtos e serviços suportados por trackitanas tecnolológicas.

Não vou encher lingüiça com números e datas porque ninguém merece e se alguém quiser fazer comparações exatas uma consulta simples ao pai-dos-burros resolve, mas é interessante ver como a teimosia de alguns segmentos atrasa suas próprias oportunidades.

Começou com o causo da música digital. Acostumada a vender milhões em discos, numa cadeia que envolvia manufatura, armazenagem e distribuição física, as gravadoras resistiram o quanto puderam à venda de álbuns e canções em formato puramente digital. A resposta da sociedade foi uma enxurrada de plataformas de trocas de arquivos que serviam para muitas coisas mas, primordialmente, piratear música. Épicas batalhas judiciais foram travadas por anos e anos até que muitas dessas plataformas fossem ajustadas ou fechadas, mas nesse período quem ganhou? Quase todo mundo, menos as gravadoras e artistas.
Hoje, com o formato consolidado, modelos de negócio democráticos, serviços de streaming legalizados a custo baixo ou gratuito, nada disso se discute mais. E, melhor de tudo, estes formatos convivem harmoniosamente com os bons e velhos LPs de vinil para os amantes do old fashioned way. Liberdade de escolha é isso. Você oferece os serviços, os formatos, dá acesso e as pessoas escolhem.
People will come!

Outro exemplo estapafúrdio é o dos livros na Terra Tupinambá. Desde a explosão da Amazon com os e-books há uns 5 ou 6 anos, ouço as mais variadas desculpas para que as editoras e livrarias daqui não vendam seus títulos online. Vão desde dizer que o consumidor brasileiro é um marginal que vai piratear tudo até dizer que o brasileiro não consome livro digital por falta de cultura, passando pela minha preferida, que é dizer que vende-se muito pouco livro digital aqui na terrinha.
Tsk! Coisa mais feia... Canso de recorrer a cópias genéricas por absoluta falta de opção, depois de desistir de procurar por um título que não existe mais em catálogo nenhum, digital ou físico, mas que alguma alma caridosa se prestou a digitalizar e compartilhar na rede. Quem ganhou com isso? E se eu tivesse optado por um sebo, quanto a editora ou o escritor teriam ganho? Por outro lado, a editora poderia ter mantido o livro em seu catálogo digital e oferecer um serviço especial de impressão para os aficionados por papel. Eu teria comprado sem dúvida, teria economizado muito tempo, todos estariam felizes e lucrando. 
Por isso os livros digitais vendem pouco por aqui.
Porque não tem e só.
Afinal o material digital está pronto. Ou alguém ainda datilografa e mimeografa seus originais a álcool?
É só abrir o catálogo (inclusive de didáticos), oferecer a um preço justo e adivinhem o que acontece!
People will come!

Meu mais novo ponto de observação ainda nem tem nome certo. Os americanos já chamaram de Click'n'Collect e agora chamam de BOPIS. Nem é uma tecnologia em si, mas uma mudança de prática ajudada por trackitanas básicas na web ou no celular. 
BOPIS vem de Buy Online, Pickup In Store. Muitas lojas de lá, incluindo supermercados, passaram a adotar a prática em que o cliente compra através de um meio digital qualquer, principalmente o celular e combina a retirada da compra em uma loja. Com isso eles evitam uma série de problemas, como toda a movimentação externa de mercadorias, problemas de trânsito e todas as responsabilidades envolvidas nisso. E o cliente adora, porque pode retirar a compra no mesmo dia, aproveitando o trajeto do trabalho para casa, sem pagar taxa de entrega.
Por aqui o comércio ainda resiste. Raízes profundas nos processos que existem "desde o tempo do meu avô" impedem novos serviços de surgirem, até que grandes redes multinacionais se movimentem e ponham tachinhas na zona de conforto.
Os gatos pingados que fazem de conta que adotam o sistema inventam uma série de regras inexplicáveis, praticam preços mais altos nos produtos e criativamente cobram uma taxa do cliente para fazer seu trabalho.
Yes, nós temos banana. Superfaturada, off course.

Lá, de 2013 pra 2014 o número proporcional de clientes que escolheu esse modelo de compra aumentou em mais de 10 vezes. E por que não escolhiam tanto antes? Porque não havia o serviço. Só por isso. Basta oferecer.

People will come!






sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Sumpaulo 461

Há muitos e muitos anos brinco dizendo que essa terra é privilegiada porque funciona até bem por não ter governo há mais de 500 anos. Me refiro, naturalmente, à Terra Tupinambá, mas ultimamente tem ficado claro de que a maledicência vale para todas as esferas, regiões e âmbitos.

Com o passar do tempo, sentimos isso de uma forma cada vez mais aguda, que seria ainda pior se não fossem  nossas trackitanas a nos ajudarem a sair de diversas enrascadas.

Querem ver?

Circular por São Paulo é uma tarefa hercúlea mesmo para paulistanos da gema como eu, que há quase meio século circulo faceiro por paragens bandeirantes. Imaginem quem vem de fora. E não importa o meio de transporte.

Vamos pensar primeiro no bom e velho automóvel: As sinalizações indicativas são vexatórias quando existem. Vias são bloqueadas sem mais nem menos, muito menos aviso prévio. O trânsito em condições normais é caótico e se torna apoteótico sem motivo aparente. Nem falei nas chuvas, que derretem nosso doce de metrópole em minutos.

Como, então, passar um dia trabalhando na megalópole, tendo que comparecer a 3 ou 4 reuniões em pontos distintos da cidade, sem o auxílio luxuoso de um bom aplicativo que ajude a escapar das arapucas?

E táxi? Como você pode adivinhar onde conseguir um em um local não tão conhecido? Até recentemente, sua opção seria ligar para uma empresa, passar pela via sacra dos atendimentos eletrônicos e pessoais (ainda não sei qual o pior), implorar pelo serviço e esperar longamente pela chegada do carro.

Agora, basta um toque em um app e em poucos minutos o carro previamente identificado está na sua porta, aceitando pagamento no cartão ou pelo próprio celular.

Pensa que o ônibus escapa dessa? Dia desses eu estava na Praça da República esperando o busão pra casa, nesse caso mais prático que o metrô, no lugar de sempre, quando vejo o dito passando longe, lá pela faixa da esquerda. Olho em volta e vejo que em nenhum dos muitos pontos ali existentes há a relação das linhas que param em cada uma delas.

A 20 metros de mim, um posto de informações turísticas de nossa prefeitura excepcional. Vou lá e pergunto se meu ônibus mudou de parada. Nenhum dos 5 (cinco) funcionários presentes sabia sequer como obter tal informação.

Pra não dizer que o tal posto foi inútil, tinha um ar condicionado bacana e 2 policiais na porta (além dos 5 funcionários supracitados). Aproveitei o ambiente para sacar o espertofone, achar um app competente, pesquisar e localizar o ponto exato para pegar minha condução. E lá fui eu, feliz, contribuir com minha tarifa de R$ 3,50 para rodar suando sob o sol do meio dia, os menos de 3 km que me separavam de casa.

Talvez por ainda funcionar um pouco melhor, a rede metro ferroviária ainda não tenha sido tão priorizada pelos desenvolvedores de aplicativos, mas aposto em mera questão de tempo para que sejam percebidas boas oportunidades como indicar pontos intermodais, bolsões de estacionamento, cruzar tempos e custos de viagens e configurar viagens multi-ponto/multi-modais, na medida em que a rede vai ficando mais complexa e, ao mesmo tempo, abarrotada.

Daqui de dentro, vejo que a cidade continua se verticalizando e adensando.

E enquanto as idéias não correspondem aos fatos, aplicativos e redes sociais são uma alternativa legítima e eficaz para essa nossa anarquia compulsória.

:D


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pelados



Uma das maiores discussões travadas (e mantidas) desde os primórdios da internet está em torno da dobradinha privacidade e segurança.

Muito antes do surgimento e proliferação (feito praga) das redes sociais, a preocupação já atingia os ancestrais sistemas de troca de mensagens e os então revolucionários sites de comércio eletrônico.

Com o tempo, embora o comportamento dos usuários da Grande Rede não tenha amadurecido (de verdade) na proporção que se esperava, essas trackitanas se incorporaram de tal forma à rotina das pessoas que apenas os casos mais agudos de violação chamam atenção. 

Mas quase ninguém para para pensar no que leva a fina flor do capitalismo a rompantes de altruísmo de tamanha generosidade ao nos permitir usar sem qualquer custo suas preciosas criações, como Facebook, Google e Twitter. A coisa fica ainda mais enigmática quando temos consciência (ou ao menos noção) do astronômico volume de recursos necessário para manter esses brinquedos funcionando.

A resposta é óbvia e velha. Todos querem seus dados, suas informações pessoais e hábitos de consumo e de vida. Como há décadas já fazem as companhias telefônicas, os bancos e as editoras dos jornais e revistas que você assinava desde os anos 70 do século passado.

Já considero essa discussão descabida, fora de tempo e, principalmente, fora de foco.

Claro que é, sim, uma grande ingenuidade (ou estupidez) enriquecer seu perfil no Facebook com todos os dados pessoais, relações de parentesco e fotos de toda a sua família. Além de exibicionista, deixa todo mundo vulnerável a uma infinidade de ações mal intencionadas. Mas não é a isso que me refiro.

A questão é que as suas informações mais elementares e valiosas para os negócios são justamente as que você não pode evitar compartilhar. São obrigatórias para abrir e manter uma conta bancária, ter um cartão de crédito, contratar um serviço de TV por assinatura ou telefone celular. Além disso, Google, Apple, Microsoft e tantas outras sabem há tempos tudo o que você procura, por onde anda, o que tem e o que deseja. Experimente tirar todos estes elementos da sua vida e veja o que acontece.

Sim, todos eles e mais todos os aplicativos que habitam o seu celular e muito mais gente usa e abusa das suas informações e a grande maioria as compartilha com muitos e muitos outros, formando uma pirâmide na qual você, origem e alvo da panacéia toda, é a base achatada que pouco ou nada recebe, além de ter a caixa de spam sempre maior que a de entrada.

Você já está nu. Só resta tirar algum proveito disso.

Nossas informações já são compartilhadas compulsoriamente com corporações que fazem o mundo girar com elas.  Então por que, raios, não podemos também ser beneficiados de alguma forma?

Já temos tecnologia suficiente para ações muito mais inteligentes, ousadas e úteis que os insuportáveis e-mail-camelôs e janelinhas pop-up, que só servem para exercitar a pontaria ao fechá-los.

Vamos pensar, num exemplo totalmente aleatório, em uma livraria com lojas físicas e virtuais que oferece um aplicativo para o smartphone de seus clientes.
Através dos meios digitais (e-commerce e m-commerce), a dita sabe que procuro determinada publicação, indisponível em determinado momento.
Pela geolocalização que compartilho espontaneamente através do aplicativo, a dita sabe que estou perto de uma loja física que recebeu a publicação que procuro. Ao penetrar em sua geo-fence, o sistema da livraria me envia uma  mensagem qualquer (sim, pode ser o velho torpedinho), me convidando a aproveitar a proximidade e buscar o livro na loja.

Esse tipo de ação simples, conduzida com bom senso e cordialidade, faz toda a diferença na relação empresa x cliente.  Seria algo suficiente para que eu compartilhasse muito mais informações com muito mais prazer.

Diferente de muitos dispositivos que embora tecnicamente viáveis ainda devem demorar para atingir escala comercial que os torne acessíveis para o grande público, como geladeiras e adegas ligadas à internet, todos os recursos que menciono no exemplo acima estão completamente disponívies, acessíveis e maduros para que qualquer um use e abuse deles.

O que falta é um pouco mais de originalidade e ousadia no empresariado.

:D


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Manda o tal 2012

Eu nunca dei a menor bola pra nenhuma das profecias ancestrais que previam o fim do mundo numa determinada data, fosse mais ou menos precisa.

Nostradamus, bug do milênio, cosmologia maia e Coríntians campeão não foram suficientes para mudar o meu ponto de vista: Pra mim, já faz tempo que o mundo está acabando e vai cada vez mais rápido.

Não (necessariamente) no sentido bombástico de uma nova era glacial ou hecatombe nuclear, mas de mudanças profundas no seio da humanidade. Nada a ver com implantes mamários em massa, mas com uma mudança cultural e comportamental imensamente impulsionada, amparada e (por que não) viabilizada por toda a trackitana internética-social.

Sim, eu sei que um dos motivos pelos quais todo mundo está dizendo que 2011 já vai tarde é que ninguém mais aguenta falar nas revoluções do oriente médio, dos protestos em São Paulo ou da ocupação de Wall Street. Mas convenhamos que são exemplos bem interessantes de como caminhamos para o fim do mundo como o conhecemos. Como mais teria sido possível mobilizar o povo árabe em vários países e mais a opinião pública internacional com tamanha convergência?

Então, embora tudo isso tenha saturado um pouco pela overdose midiática eu acho que esse foi um ano fantástico que merece ser encerrado com boas festas, sejam de Natal, Chanuká, Qwanza ou simplesmente festas-de-firma.

 E, principalmente, que vamos a 2012 sem medo de ser feliz, porque realmente é o fim do mundo como o conhecemos, mas eu estou achando o máximo.

 :D

 

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Elo Perdido

Pode parecer estranho, mas analisando todo o furor causado ultimamente pela tal computação móvel, tenho uma sensação de déjà vu. Viajo vinte-e-tantos anos, até o início da minha carreira em tecnologia da informação, quando o mundo ainda era dominado pelos dinossauros da espécie main-frame e começavam a surgir espécies menores, mais ágeis e aparentemente mais inteligentes, que se adaptavam mais rapidamente às condições impostas pelo meio ambiente.

Os computadores pessoais passavam a ser elementos determinantes na mudança dos ecossistemas corporativos, muito antes de se tornarem verdadeiramente pessoais.

Para viver, os dinossauros consumiam exagerados recursos e eram de difícil convívio. Aproximar-se deles demandava anos e anos de estudo e conhecimento.

Enquanto isso, novas espécies se desenvolviam vegetativamente, aproximando-se cada vez mais dos preteridos. Até que juntos passaram a dominar a terra, fortalecidos pela onipresente Grande Rede Mundial.
É verdade que esse novo domínio criou uma série de novos problemas, como em qualquer sistema evolutivo, mas a seleção natural cumpriu bem o seu papel até cumprir-se a profecia de que estes bichinhos estariam presentes em todos dos lares do planeta, formando uma simbiose irreversível com a raça humana. Ou quase isso.

Já neste século, ainda sob as bênçãos da Grande Rede, estes seres sofreram mais uma série de mutações miniaturizantes e enxertaram uma outra espécie, que até então tinha sua existência restrita aos atos de falar e ouvir, dando origem aos mais fantásticos transgênicos, que receberam o nome vulgar de smartphones.

Até pouquíssimo tempo atrás, não havia engenheiro, tecnólogo ou paleontólogo capaz de supor que a evolução nos traria a este ponto. Muito menos com esta velocidade. Os elementos todos se fundiram de tal maneira que, sem perceber, passamos a utilizar recursos novíssimos em arquiteturas que nos remetem de volta aos velhos dinossauros, agora devidamente adaptados ao ecossistema do século XXI, metamorfoseados em Cloud Computing, virando até brincadeira de criança. Literalmente.

E aí a casa caiu.

As pessoas passaram a perceber que não precisavam de computadores. Precisavam, sim, de aplicativos, que não habitariam necessariamente seus computadores. Ou você conhece alguém que tenha o Google no seu computador? Twitter? Facebook? SalesForce? Home-bank? Home-broker? Supermercado delivery?
É justo ponderar que o computador deva conter meios mais amigáveis e melhor adaptados para dar acesso a estes recursos. Realmente não é agradável editar documentos e planilhas diretamente no Google Docs ou enviar e-mails diretamente pelo browser, considerando que estas ações demandariam uma conexão à internet em tempo integral, o que (ainda) não é lá muito viável. É claro que existem exceções, mas estas atividades já não exigem mais tantos recursos dos computadores, que encolheram e emagreceram, no sentido oposto da trajetória que vinham traçando e, principalmente, consolidou a ideia de que o ecossistema é determinante, muito mais do que cada elemento que o compõe, individualmente.

E assim, enquanto as vendas de computadores pessoais caem com uma aceleração maior que a da gravidade, smartphones e tablets (seus irmãos maiores, embora mais novos), seguem impávidos no caminho para dominar o mundo. Mas jamais chegariam perto deste êxito se não fizessem parte de um ecossistema que os torna, de fato, poderosos.

Há anos a Nokia já entendia isso e liderou o mercado de smartphones amparada por uma infinidade de aplicativos desenvolvidos por centenas (ou milhares?) de empresas que ela incentivou pesadamente e deu acesso praticamente irrestrito aos usuários através das sua Ovi Store.

Antes disso, a própria Apple teve uma lição importante. O iPod não teve lá grande sucesso no seu lançamento, pois não era muito mais do que um tocador de música digital mais bonitinho que os outros tantos que já estavam por aí. Mas virou um sucesso estrondoso (e duradouro) depois do lançamento do iTunes, que revolucionou a forma de alimentar os dispositivos.

De lá pra cá, a prática que era diferencial virou necessidade básica e não há fabricante de smatphone e/ou tablet que não dê a devida atenção à sua app store ou market place, ciente de que dispositivo sem aplicativo não é nada. E se empenham em agregar mais serviços aos seus ecossistemas para se distinguirem da concorrência, fazendo-se cada vez mais presentes nas nossas vidinhas.

Hoje uso o computador muito menos do que há 1 ano. E há 1 ano já usava menos do que há 2. Vou tranquilo e bem equipado a qualquer reunião de trabalho levando apenas o smartphone no bolso. No máximo levo um tablet para escrever com mais conforto e facilitar a visualização de elementos gráficos. Com qualquer um dos dois e um adaptador que cabe no bolso da calça posso fazer apresentações e palestras para centenas de pessoas. Até o netbook perdeu o hábito de sair de casa.

Propostas, documentos de processos e mesmo materiais promocionais estão sempre à mão, armazenados nos dispositivos ou acessíveis pela internet, podem ser exibidos a qualquer momento com grande clareza e são facilmente compartilhados com os interessados. As impressoras perderam muito de sua importância.

Com a ascensão econômica e a redução de preços pelo aumento de escala comercial dos equipamentos, é certo que estes brinquedinhos vão mudar ainda mais as nossas rotinas em questões aparentemente banais, como a forma de fazermos compras e pagarmos nossas contas.

Mas isso é assunto extenso e merece outro post.

:D

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

E vai-se a primeira década do século XXI

Não, amigos.
Eu não aderi ao costume de chegar à última quinzena do ano com reflexões tão profundas quanto piegas.
Só parei pra pensar que estamos no lucro. Precisamente 10 anos de lucro, já que todo mundo dizia que o planetinha aqui ia acabar no ano 2000. Quem lembra do terror do bug do milênio?
Agora falam em 2012, o que até faz algum sentido. Grandes desastres naturais, as duas coréias polarizando as duas maiores potências bélicas mundiais, a Hebe saindo do SBT e a Suzana Vieira voltando a mostrar o úbere são pistas que não podemos desprezar.
E, como já ganhamos 10 anos sobre a praga do Nostradamus, who cares?
Mas, definitivamente, não é o que eu quero.
Quero que todos vocês, amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos, tenham uma feliz década nova.
E, para uma mensagem final, reuni uns amigos para um pagodinho no quintal, para interpretar uma música que o João e o Paulão fizeram no ano 67 do século passado, provavelmente para homenagear a excelente safra produzida pela humanidade naquele ano e que tem tudo a ver com o momento.

:D