sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Sumpaulo 461

Há muitos e muitos anos brinco dizendo que essa terra é privilegiada porque funciona até bem por não ter governo há mais de 500 anos. Me refiro, naturalmente, à Terra Tupinambá, mas ultimamente tem ficado claro de que a maledicência vale para todas as esferas, regiões e âmbitos.

Com o passar do tempo, sentimos isso de uma forma cada vez mais aguda, que seria ainda pior se não fossem  nossas trackitanas a nos ajudarem a sair de diversas enrascadas.

Querem ver?

Circular por São Paulo é uma tarefa hercúlea mesmo para paulistanos da gema como eu, que há quase meio século circulo faceiro por paragens bandeirantes. Imaginem quem vem de fora. E não importa o meio de transporte.

Vamos pensar primeiro no bom e velho automóvel: As sinalizações indicativas são vexatórias quando existem. Vias são bloqueadas sem mais nem menos, muito menos aviso prévio. O trânsito em condições normais é caótico e se torna apoteótico sem motivo aparente. Nem falei nas chuvas, que derretem nosso doce de metrópole em minutos.

Como, então, passar um dia trabalhando na megalópole, tendo que comparecer a 3 ou 4 reuniões em pontos distintos da cidade, sem o auxílio luxuoso de um bom aplicativo que ajude a escapar das arapucas?

E táxi? Como você pode adivinhar onde conseguir um em um local não tão conhecido? Até recentemente, sua opção seria ligar para uma empresa, passar pela via sacra dos atendimentos eletrônicos e pessoais (ainda não sei qual o pior), implorar pelo serviço e esperar longamente pela chegada do carro.

Agora, basta um toque em um app e em poucos minutos o carro previamente identificado está na sua porta, aceitando pagamento no cartão ou pelo próprio celular.

Pensa que o ônibus escapa dessa? Dia desses eu estava na Praça da República esperando o busão pra casa, nesse caso mais prático que o metrô, no lugar de sempre, quando vejo o dito passando longe, lá pela faixa da esquerda. Olho em volta e vejo que em nenhum dos muitos pontos ali existentes há a relação das linhas que param em cada uma delas.

A 20 metros de mim, um posto de informações turísticas de nossa prefeitura excepcional. Vou lá e pergunto se meu ônibus mudou de parada. Nenhum dos 5 (cinco) funcionários presentes sabia sequer como obter tal informação.

Pra não dizer que o tal posto foi inútil, tinha um ar condicionado bacana e 2 policiais na porta (além dos 5 funcionários supracitados). Aproveitei o ambiente para sacar o espertofone, achar um app competente, pesquisar e localizar o ponto exato para pegar minha condução. E lá fui eu, feliz, contribuir com minha tarifa de R$ 3,50 para rodar suando sob o sol do meio dia, os menos de 3 km que me separavam de casa.

Talvez por ainda funcionar um pouco melhor, a rede metro ferroviária ainda não tenha sido tão priorizada pelos desenvolvedores de aplicativos, mas aposto em mera questão de tempo para que sejam percebidas boas oportunidades como indicar pontos intermodais, bolsões de estacionamento, cruzar tempos e custos de viagens e configurar viagens multi-ponto/multi-modais, na medida em que a rede vai ficando mais complexa e, ao mesmo tempo, abarrotada.

Daqui de dentro, vejo que a cidade continua se verticalizando e adensando.

E enquanto as idéias não correspondem aos fatos, aplicativos e redes sociais são uma alternativa legítima e eficaz para essa nossa anarquia compulsória.

:D


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